quinta-feira, 26 de março de 2015

CRIAÇÃO

Depois de criar o mundo
e o homem
Deus não descansou:

Com as nuvens
modelou as formas.
Com a luz
criou o sorriso.
Com a energia do sol
desenhou um coração a bater.
E de todo essa obra
nasceu a MULHER.

Deus então parou
a rever o seu labor
e gostou.
Para finalizar a sua obra
levou-a ao encontro do homem
e esperou
que no interior de ambos
despertasse o amor.

E só então Deus descansou.

GM

terça-feira, 24 de março de 2015

UM COPO DE VINHO

Um copo de vinho…

É isso mesmo!
É o que me está a apetecer
Um copo de vinho mas de
Tinto
Daquele que deixa cor no vidro
E bigodes nos lábios.

E uma manta
Quente
De pura lã
De ovelhas nossas
Que sugerem prados em dias de calor.

E um sofá
Longo
Largo
Capaz de me acolher
Como os braços de um amante.

E uma música
Bem escolhida
Talvez uma ária…
Um Bécaud…
E porque não um fado?

Quando está frio
É isto que me apetece:
O vinho para brindar
O sofá para sonhar
E a música para cenário.

Ah! Falta-me ainda uma coisa
E que é o principal:
Um livro,
Mas não um livro qualquer.
Deixo a escolha
A quem me ler.
Que receitam para aquecermos
Nas longas noites de Inverno:
Um bom romance de amor
Ou páginas de poesia?


im

CABO DAS TORMENTAS


Passou o tempo
Em que a espera era só um pensamento
E não havia o longe
Porque tudo era perto.
Havia espaço para conversa
Preâmbulo de debates
Sobre temas variados
Uns actuais
Outros vindo de passados
Que conhecíamos
Mesmo sem os termos vivido.
Trocávamos cantigas de amigo
Pelas de amor
O que dava às questões muito mais calor.
E acabávamos fatalmente
com Pessoa
D. João II
e o Adamastor…

Passou o tempo
E com este legado
fomos construindo o nosso mundo!...

GM

quinta-feira, 19 de março de 2015

NUNCA...

Nunca voei tão longe
como com as tuas asas…
Nunca subi tão alto
Como com o rumo que me traçaste…
Nunca vibrei tanto
Como quando me alisastes as penas…
Nunca tinha atingido a plenitude
Antes de me encontrares. 


GM

CARTA AO MEU PAI


Partiste quando menos eu o esperava e demasiado cedo para cumprires tudo quanto te propunhas a nível pessoal e profissional. Apesar de saber que declarada a doença pouco tempo te restaria, sempre esperei que pudesses ainda ter algum para me acompanhar nas coisas boas que esperavas da vida que sonhaste para mim. Não te tive ao meu lado na minha formatura, não me levaste ao altar no dia em que casei, não conheceste as tuas netas. Uma delas escolheu o teu nome para o filho que teve, o único rapaz nos 3 bisnetos que tens. Por isso continuamos a ter um João cá em casa. Não sei se onde estás os poderás ver. Todos são lindos e saudáveis de corpo e de espírito.
O nascimento deles aumentou as minhas saudades de ti. A minha família já não tem cabeça. Faltas tu e a minha mãe. E isso faz-me viver em saudade. Mas falo muito de vocês à minha ninhada.
Para comemorar o dia de hoje, o Dia do Pai, não vou escrever nenhuns versinhos como
os que gostavas de receber. Prefiro aqui deixar duas fotografias que são muito especiais para mim. Uma porque é do primeiro dia em que me lembro de ter ido lanchar a uma confeitaria no Porto e depois ter subido contigo a Rua de S. António. Claro que não a fiz toda a pé. Já entrei em S. Catarina ao teu colo. Tinha então cerca de 3 anos. A segunda é da minha única festa grande em que te tive ao meu lado: a da minha festa da Comunhão Solene.


A subir a Rua de S. António
Dia da minha Comunhão Solene



















Tenho saudades tuas, Pai. Dá por mim um beijo à Mãe e continuem os dois a olhar não só por mim  mas, agora, por nós. A nossa família está maior. Um beijo para ambos

quarta-feira, 18 de março de 2015

Restauro do blog 18.3.20115

REGRESSO AO PASSADO

Regresso ao passado
no exame diário do meu presente…
E eu,
que dizem agente de futuros imprevisíveis,
sinto-me moldada numa imagem irreal
por quem julga que o meu tempo é indistinto
entre o viver e o realizar-me num dever imposto.
Sou fruto do que ficou para trás,
de gerações que não conheci, nem senti
e cuja herança transformo, em cada dia,
no muito, pouco ou nada
de tudo quanto dou e que recebo.
São meus os pensamentos e o querer
que florescem livres, sem medos nem limites
a cada estação que passa…
E sou feliz,
mesmo quando mal me querem,
porque bem me quero
no espaço que escolhi.
GM

(escrita há uns 15 anos durante uma formação profissional do Centro Formação de Professores de Matosinhos numa sessão em que se questionava como nos sentíamos no nosso papel de educadores)

segunda-feira, 16 de março de 2015


Acordamos solitários nas madrugadas
Que despertam o sol.
Vivemos isolados nas tardes
Quer terminem ou não com um crepúsculo
(Mais ou menos dourado
Segundo as estações).
Adormecemos com ou sem luar
No retiro íntimo dos quartos
Que escolhemos a sós.
Cruzamo-nos sempre nos intervalos do tempo...
Nunca tivemos uma noite inteira para nós...

SS


terça-feira, 10 de março de 2015

AMOR ENTRE LENÇÓIS

Porque te quero mais do que a mim
e sou parte do teu ser
custa-me não estar contigo
e mostrar à luz do dia
que somos um e não dois.
Clandestinos da vida,
ignorados por todos,
p´ra conseguirmos viver
temos sempre que esconder
o amor entre os lençóis.

Gm

domingo, 8 de março de 2015

Dia Mundial da Mulher 2015

Dá a surpresa de ser. 
É alta, de um louro escuro. 
Faz bem só pensar em ver 
Seu corpo meio maduro. 

Seus seios altos parecem 
(Se ela tivesse deitada) 
Dois montinhos que amanhecem 
Sem Ter que haver madrugada. 

E a mão do seu braço branco 
Assenta em palmo espalhado 
Sobre a saliência do flanco 
Do seu relevo tapado. 

Apetece como um barco. 
Tem qualquer coisa de gomo. 
Meu Deus, quando é que eu embarco? 
Ó fome, quando é que eu como ?

FERNANDO PESSOA