quarta-feira, 29 de junho de 2011

ESPERO QUE DESTA MORTE SAIA UM EXEMPLO DE VIDA

Hoje certamente o meu neto João sentir-se-á um pouco triste apesar de estar num campo de férias algures no Gerês, que ele adora. Lembro-me que o primeiro concerto a que assistiu  foi, há anos, o de um grupo que estava nos tops para adolescentes e pré-adolescentes - os D'ZRT. Deste fazia parte o jovem Angélico, cantor, modelo e actor que acaba de falecer após um grave acidente de automóvel. Eu não o conhecia e nada posso referir sobre ele. Mas porque era um jovem e, parece, que promissor e bom rapaz (coisa que normalmente se diz sobre todos quantos partem) fiquei algo chocada. Mas ficou-me uma certa esperança também. Como a nossa juventude tem o hábito de tomar os ídolos como heróis,  espero que desta morte saia um exemplo de vida. Em primeiro lugar porque o caso talvez não tivesse sido fatal se ele viesse com o cinto de segurança. Um bom motivo para que os seus adoradores aprendam a lição - o cinto salva mesmo. Que o diga o único que saiu em condições do acidente. O segundo porque os seus orgãos  foram doados para transplante. Nunca tendo declarado a sua oposição ao acto ele tornou-se automaticamente dador de orgãos (posição apoiada pela família). Deste modo a sua morte não foi totalmente morte. Num modo diferente de existência ele vai continuar entre nós. 
Se estas duas causas constituirem uma boa reflexão para os seus seguidores podemos dizer que ele se tornará um bom exemplo de vida

sexta-feira, 24 de junho de 2011

REGRESSO


Hoje
Vivi de novo os nossos risos
As nossas esperanças
A sala de aulas
Os segredos trocados no recreio
E a felicidade de estarmos juntas.
O tempo não passou
(Porque o tempo não se move
Existe para nos orientar)
Apenas nos atrasamos nele
E perdemos o ponto de encontro
Do cruzamento das nossas vidas.
Agora que o retomamos
Voltemos a agarrá-lo do início
A cada um dos instantes
Em que estávamos unidas.

GM

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BIBÓ PORTO! A MELHOR CIDADE DO MUNDO!

O ACORDAR NA MANHÃ DE S. JOÃO

Hoje é feriado no Porto. Nas cidades que se inserem na sua área metropolitana não, a não ser para quem troca o feriado local pelo do "big" santo. Ainda bem que vão mexer nos feriados porque assim ninguém se entende: uns trabalham e outros não, na mesma terra há estabelecimentos abertos e outros fechados (claro que eu acertei logo num) o que faz uma certa confusão. Dada a beleza da manhã decidi partir para o super logo ao abrir. Cheguei lá um pouco mais cedo que a hora da abertura e só fiquei porque vi entrar os funcionários. Fiquei eu mais uma dezena de adolescentes que certamente regressavam da folia sãojoanina porque logo que tiveram oportunidade correram para o leite achocolatado e para as bolachas ou pão, o que me confirmou que iam pequeno almoçar. Não sei se deitaram, se dormiram, se... , e /ou como fizeram. Onde, tenho a acerteza: não foi em casa paterna/materna ou de avós. Pouco depois, e sem contar, eu iria descobrir a resposta para esta minha dúvida.
Feitas as compras, pu-las na mala do carro, que deixei na garagem do super, e avancei para a praia. Estava e está uma manhã luminosa e a prometer calor. O areal é extenso e tinha muito pouca gente ainda. Contudo aqui e ali havia pequenas tendas montadas, umas ainda fechadas e outras já abertas e à volta das quais se acumulavam adolescente iguazinhos aos meus colegas de compras. Aí tive a resposta que não procurei mas que uma bela de uma caminhada me proporcionou.

Voltei para casa a pensar como na minha adolescência e até na das minhas filhas a noite de S.João e a madrugada do santo eram bem diferentes... OH TEMPUS, OH MORES... traduzindo livremente: mudou o tempo, mudaram-se os costumes.
Espero é que não me mudem o santo!!!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

S. JOÃO DO PORTO


S. João, a festa do povo

Longe de qualquer tradição religiosa, o S. João é o cheiro a gente, a poesia popular e a paixão eternizada pelo erotismo dos cravos, outrora oferecidos às raparigas.
As ruas enchem-se de transeuntes que, em ritmo de passeio, aproveitam para dar uma ou outra martelada na cabeça do vizinho, mas poucos são aqueles que conhecem as verdadeiras origens do S. João, no qual a sardinha assada não é rainha.



Ver o sol nascer, apanhar as orvalhadas e saltar às fogueiras”

As verdadeiras origens da festa estão intimamente ligadas ao culto do sol, da natureza, do fogo e da fecundidade. Segundo Hélder Pacheco, as referências às festas de S. João começaram a sentir-se nitidamente no século XIX. “A cidade era, então, mais pequena”, recorda, explicando que, na altura, o S. João consistia em três festas: uma no Bonfim, uma na Lapa e outra em Cedofeita.
Ainda assim, rapidamente se transformou numa “festa de ruas, ruelas e bairros”. Hélder Pacheco contou até que estão arquivados, na cidade, centenas de milhares de pedidos de autorização para a realização de arraiais, nos mais diversos sítios.
Apesar de, atualmente, o cheiro a sardinhas assadas ser um dos odores mais fortes do S. João, “o prato típico era o anho ou o cabrito assado com batatas”. “A sardinha nada tem a ver com a tradição do S. João do Porto. É a feira popular que a adiciona à festa”, garantiu. O historiador revelou ainda que, no espírito original da festividade, “o S. João é ver o nascer do sol, apanhar as orvalhadas e saltar às fogueiras”, ações ligadas aos cultos da natureza e da fertilidade. De salientar ainda a forte presença do culto das plantas, que atribuiu uma simbologia a cada uma delas. “O alho porro transformou-se num protetor e o cravo, por exemplo, era oferecido pelos homens às mulheres, tendo um significado erótico”, contou Hélder Pacheco.

“O S. João nunca foi uma festa católica”.

 

Nota de Gaivota Maria
A substituição dos alhos porros pelos martelos de plástico afastaram muita gente da cidade. Essa é uma das causas que explicam que os mais tradicionalistas tenham optado hoje por festas particulares. Contudo alguns resistem e juntam-se à geração que conheceu a festa já com os ditos e malditos martelos e todos enchem as ruas completamente acabando na Ribeira para ver o fogo de artificio.

Errado é também pensar que esta festa, de cores, cheiros e sabores, apresenta uma base religiosa, em homenagem a um santo. “O S. João nunca foi uma festa católica”, explicou, à Viva, o historiador Hélder Pacheco. “É uma festa pagã, dedicada ao solstício de Verão”, acrescentou, frisando que, ao contrário do que se podia ler numa campanha espalhada pela cidade do Porto, o S. João não tem 100 anos. “As referências [à festa] são da Idade Média. Já Fernão Lopes falou do S. João. O que se verificou há 100 anos foi a escolha do feriado”, apontou Hélder Pacheco.
O historiador explicou, então, que a Igreja, “muito habilmente”, fez coincidir a festa do nascimento de S. João Baptista com a data do solstício”, de modo a atribuir-lhe um cariz religioso.



O arraial nas Fontainhas

Já no fim do século XIX, começou a ser organizado um arraial de S. João nas Fontainhas, “que se confundiu, durante algum tempo, com o S. João do Porto”. “Havia uma fonte onde, segundo a tradição, as pessoas iam beber água, molhar o rosto e as mãos e onde, no fim, entravam mesmo, em representação do culto das águas”, contou o investigador das tradições populares do Porto.
Entre as décadas de 20 e 30, a comissão organizadora da festa nas Fontainhas adquiriu “a um sargento do regimento de Coimbra as figuras da cascata”, que se converteu numa grande tradição. “De Gaia vinham multidões para ver o S. João no Porto. A ponte até abanava com as dezenas de milhares de pessoas que vinham de Gaia”, declarou o investigador.

Nos anos 40, a autarquia decidiu constituir uma comissão para organizar a festa, que se juntou aos arraiais dos bairros e das ruas. Só na década seguinte é que as multidões começaram a concentrar-se na baixa da cidade, sendo que a passagem pelas Fontainhas era sempre obrigatória.

Uma festa de “gente ordeira”

Hélder Pacheco consegue identificar no S. João dos nossos dias a “folia” da festa de antigamente. Ainda assim, aponta o historiador, “o S. João nunca foi de cervejolas nem de pancada, era de gente ordeira”, pelo que considera que a festividade se degenerou. “Podia ser uma das grandes marcas da cidade, devia ser internacionalizado”, defendeu.
Ainda assim, apesar de alguns não saberem, ao certo, o que estão a festejar, é com despreocupação e alegria que as avenidas, largos e vielas do Porto se enchem para aquela que é a festa da espontaneidade e do povo.



Texto: Mariana Albuquerque
Fotos: Rui Oliveira

 Nota de Gaivota Maria


Um dos elementos fundamentais da festa de S. João no Porto são as "cascatas" que os autores acima não referem. Aqui deixo a sua lembrança para memória futura:
AS CASCATAS SÃOJOANINAS


Foi no século XIX que apareceram as primeiras cascatas no Porto. De acordo com o historiador da cidade do Porto, Hélder Pacheco, “o pai e a mãe das cascatas foram os presépios, que surgiram em Portugal nos finais do século XVIII”. “Antigamente”, explica o historiador, “pegava-se num presépio, substituia-se a sagrada família e os reis magos pelos santos populares e tínhamos uma cascata”.

Com o passar dos anos, o número de cascatas espalhadas pela cidade foi diminuindo. “Enquanto que o concurso dos presépios, que a Câmara organizou teve oitenta inscrições, o concurso das cascatas teve apenas 26. A minha grande dúvida é se no dia em que a Câmara deixar de patrocinar o concurso, não vai haver uma queda livre do interesse em fazer as cascatas”, alerta o historiador.

Hélder Pacheco justifica o número reduzido de cascatas que vão a concurso com a diminuição da população no centro da cidade. “Não pode haver festa, alegria ou cascata sem comunidade, sem gente. Com a centrifugação dos portuenses, as cascatas desaparecem. Sem gente não há nada”, afirmou.


Anabela Couto e Hugo Manuel Correia, JPN – Jornalismo Porto Net, 23-6-2005

SÃO JOÃO TRIPEIRO


Sou do Porto, sou tripeira
Devota do S. João.
Se adorasse outro santo
Errava na devoção. 
Por isso vou festejar
A sua noite em folia
Para garantir um ano
Com dinheiro e alegria.
GM

terça-feira, 21 de junho de 2011

21.6 - A REVOLUÇÃO FEMININA NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA PORTUGUESA

A mulher é grande

Embora a queiram minimizar
Quando a comparam com o homem.
O que a faz maior
Não é só criar pequenas coisas
É sobretudo o jeito humilde de fazer as grandes.
Pensar na mulher
Não é só lembrar a mãe
É  evocar a filha,
A esposa
A amiga ou a amante.
Ser mulher
É fazer tudo
Com um sorriso
Que pode esconder lágrimas
Ou chorar para expressar uma alegria.
Ser mulher mais do que uma grande tarefa
É uma forma única de estar e criar vida.
GM

sábado, 18 de junho de 2011

PARA UMA AMIGA GULOSA

Os corpos com sabor de chocolate
na tarde dos segredos desvendados,
brindavam ao açúcar e ao combate
do amor sobre os lençóis amarrotados.

Palavras de silêncios, no resgate
dos beijos esquecidos nos estrados,
que o tempo despertou para o abate
das rimas solitárias... Sóis passados.

Poética da luz dos novos ventos,
encaixes na perfeita paz do gozo
e os sonhos mergulhados no cremoso

Aroma da canção dos sentimentos.
Hoje, o verso repete em pensamento:
o amor com chocolate é mais gostoso!


NATHAN DE CASTRO

segunda-feira, 13 de junho de 2011

PESSOA - 123º ANIVERSÁRIO

sexta-feira, 10 de junho de 2011

DIA DE PORTUGAL

PORTUGAL

Avivo no teu rosto o rosto que me deste,
E torno mais real o rosto que te dou.
Mostro aos olhos que não te desfigura
Quem te desfigurou.
Criatura da tua criatura,
Serás sempre o que sou.


Eu sou a liberdade dum perfil
Desenhado no mar.
Ondulo e permaneço.
Cavo, remo, imagino,
E descubro na bruma o meu destino
Que de antemão conheço:


Teimoso aventureiro da ilusão,
Surdo às razões do tempo e da fortuna,
Achar sem nunca achar o que procuro,
Exilado
Na gávea do futuro,
Mais alta ainda do que no passado.


Miguel Torga

sexta-feira, 3 de junho de 2011

PALESTRA NO SALÃO NOBRE DA CÂMARA DE MATOSINHOS


Nascida em torno de uma lenda medieval que falava de uma imagem de um Cristo que o mar depositara na praia de Matosinhos, esta devoção fixou-se em Matosinhos até aos nossos dias. Mas porque era um Cristo que lembrava o mar, os artífices dessa fé foram os mareantes e os muitos emigrantes que aos longo dos séculos daqui partiram em busca de novas terras e que levavam dentro de si a lembrança das suas chagas e a crença na sua protecção. Assim, no século XVII, o eco do seu poder chegou ao Brasil onde proliferou no tempo do açúcar, do ouro e também do café e se organizou através da construção de igrejas, capelas e locais de romaria ocupando, ainda hoje, um lugar importante no calendário religioso e no mapa do património monumental brasileiro.