sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

PARABÉNS, AMIGA, PELA BELEZA DAS PALAVRAS E PELO ANIVERSÁRIO

Não sei de ti senão o teu olhar
Não sei se sei
Teu nome ainda
As mãos
As tuas mãos são velas
Que vão desaparecendo
Ao longe
No meu mar
Apenas uma voz ecoa nos meus ouvidos
Amo-te
És meu porto seguro
Amo-te
Uma névoa me envolve
Fria, cortante, espessa
Como o nevoeiro

Em manhãs de Inverno
Que eu tanto amo
Mas já não lhe resisto
Como outrora
Fica só em mim
Um aroma de ternura amarga e doce
E
Não sei de ti senão teu olhar


MC

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

UM BOM 2011

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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

jogo

Eu, sabendo que te amo,
E como as coisas do amor são difíceis,
Preparo em silêncio a mesa
do jogo, estendo as peças
sobre o tabuleiro, disponho os lugares
necessários para que tudo
comece: as cadeiras
uma em frente da outra, embora saiba
que as mãos não se podem tocar,
e que para além das dificuldades,
hesitações, recuos
ou avanços possíveis, só os olhos
transportam, talvez, uma hipótese
de entendimento. É então que chegas,
e como se um vento do norte
entrasse por uma janela aberta,
o jogo inteiro voa pelos ares,
o frio enche-te os olhos de lágrimas,
e empurras-me para dentro, onde
o fogo consome o que resta
do nosso quebra-cabeças.
Nuno Júdice

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O AMOR É UMA COMPANHIA

O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.


Alberto Caeiro

UM CONSELHO DE UM PRÉMIO NOBEL

"Porque la nuestra será siempre, por fortuna, una historia inconclusa. Por eso tenemos que seguir soñando, leyendo y escribiendo, la más eficaz manera que hayamos encontrado de aliviar nuestra condición perecedera, de derrotar a la carcoma del tiempo y de convertir en posible lo imposible."


Último parágrafo do discurso de Mario Vargas Llosa quando recebeu o Prémio Nobel da Literatura 2010

sábado, 25 de dezembro de 2010

JÁ NÃO SEI DIZER NATAL COMO SABIA

Já não sei dizer Natal como sabia,
quando meu Natal, em minha aldeia,
era um presépio de musgo e de areia
e um menino adorando o Deus menino.
A família inteira, sentada ao borralho,
fazendo horas para a missa do galo
nessa noite fria cujo fogo nos aquecia
e nos dava alento para o ano inteiro.
Vou reaprender a dizer Natal, este Natal,
para que possa voltar a ser
alma de pássaro criança,
nestas memórias de infância.
Para que Deus me dê
nova estrela de Belém
que nos leve ao mais além.
Mas serão precisos muitos desses dias
para que, mais uma vez, possa nascer,
em figura humana, o meu Messias.
José Adelino Maltez

VOTO DE NATAL

Acenda-se de novo o Presépio do Mundo!
Acenda-se Jesus nos olhos dos meninos!
Como quem na corrida entrega o testemunho,
passo agora o Natal para as mãos dos meus filhos.


E a corrida que siga, o facho não se apague!
Eu aperto no peito uma rosa de cinza.
Dai-me o brando calor da vossa ingenuidade,
para sentir no peito a rosa reflorida!

Filhos, as vossas mãos. E a solidão estremece,
como a casca do ovo ao latejar-lhe vida...
Mas a noite infinita enfrenta a vida breve:
dentro de mim não sei qual é que se eterniza.


Extinga-se o rumor, dissipem-se os fantasmas!
Ó calor destas mãos nos meus dedos tão frios!
Acende-se de novo o Presépio nas almas.
Acende-se Jesus nos olhos dos meus filhos.

David Mourão-Ferreira

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

QUANDO ERA MENINA...

Quando era menina
não havia Pai Natal nem Árvore de Natal.
Armava-se o presépio com chão de musgo
rochas de cortiça virgem ervas a valer
pedrinhas de verdade
e searinhas que se semeavam em pires e latas vazias
no dia 8 de Dezembro
e eram o pequeno milagre o primeiro
a despontar dos grãos de trigo e a crescer todos os dias.


As criaturas do presépio eram de compra
mas também moldei algumas em barro fresco.
Uma vez uma das minhas tias fez casas e igrejinhas de papel
e acendemos velas lá dentro.
Foi um deslumbramento a luz a sair pelas janelinhas!
Mas ardeu tudo de repente.
Desde então só a lamparina de azeite continuou a alumiar
esse parco mundo pobre.

No meu Natal de antigamente havia menos presentes.
Os meninos não exigiam esses brinquedos extrabíblicos:
computadores, jogos de computadores, cêdêroms, sei lá.
Nem o Menino Jesus podia com tanto peso!
Sim, porque no meu Natal de antigamente era o Menino Jesus
quem dava as prendas.
Púnhamos, na véspera, o sapatinho na chaminé
mas tínhamos que ir para a cama esperar pela manhã
porque Ele só descia pela calada da noite
se ninguém estivesse à espreita
(hoje o Pai Natal não tem esses pudores).
Eu imaginava-o a saltar das palhinhas
nuzinho em pêlo
e a Nossa Senhora a agasalhá-Lo logo com a sua capa.
E lá ia Ele
como um menino pobre enrolado no casaco do pai
a contentar todas as crianças do mundo.
O Pai Natal, esse, foi encarregado (não sei por quem)
de dar presentes a pequenos e grandes.
Com o Menino Jesus tudo ficava entre meninos.
E se a prenda não agradava
a gente fazia-lhe uma careta
e até, à socapa, chamava-lhe um nome feio.


O Pai Natal é um palhaço cheio de postiços:
barba bigode cabeleira
até a barriga é uma almofadinha.
E vai à televisão convencer-nos a comprar coisas.
Agora o Natal antecipa o Carnaval.
O Menino Jesus, esse não! nunca ia à televisão
(que para dizer a verdade não existia ainda.)


Mas que menino de hoje trocaria o seu Pai Natal


(gerente de um supermercado de prendas)
pelo meu Menino Jesus
a tiritar nas palhas?


Teresa Rita Lopes

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O TEMPO

O tempo escorre-me pelos dedos…
Não o da idade
Mas o das tarefas diárias.

Ao primeiro
A gente habitua-se
Vai tentando contorná-lo
Mas acaba por se lembrar dele
Nos momentos mais inesperados
Como o da fila do supermercado
Ou quando temos de comprar bilhetes
Para qualquer viagem de comboio,
Entrada num museu ou um concerto.

O tempo das tarefas diárias desconcerta-me
Porque nunca sei se é mais longo
Por perfeccionismo feito de exigência
Ou simplesmente porque me esqueci
De como se fazem as coisas.

O tempo é um elemento universal
Devidamente estruturado
E aceite por todos.
Tem um ritmo constante
E apenas a situação espacial o belisca.
Por isso usemo-lo a nosso belo prazer

Assim
Bom dia para quem se está a levantar
Justamente no momento em que eu me vou deitar.


IM

sábado, 18 de dezembro de 2010

PARA TODOS AS PESSOAS QUE AQUI PASSAM

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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Deixo a mão pender sobre o silêncio
E os olhos baixarem a âncora no teu mar,
Pois nada mais me resta que esse sonho.
Esse peso sobre mim,
Folha branca a espera de um poema
Sobre a tua escrivaninha.
Calo-me e ouço os sons da tua boca
E a mímica do teu corpo
Traduzido por esses gestos
Que me abarcam a alma inteiramente.
Não me pergunto sobre o amanhã,
Nem sobre as horas seguintes a essa agora.
Não procuro saber o que serei
E nem o que serás no próximo segundo.
Cansei de prever o futuro. Apenas vivo.
E nesse momento te digo convictamente
E num sussurro em teu ouvido:
És como a bruma que passeia
Pela floresta virgem.
És como a chuva que cai ligeira
Depois de prolongado estio.
FREDERICO SALVO

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

FEIRA DO LIVRO NA QUINTA DE SANTIAGO EM MATOSINHOS

Até 23 do corrente mês está a realizar-se na Quinta de Santiago, em Leça da Palmeira, a Feira do Livro Municipal. Aproveitem para comprar prendas  em livros a partir de 1€ e até poderão ter a sorte de encontrar alguns dos seus autores, com quem poderão falar e que lhe poderão autografar as obras. E que tal depois dar uma volta pelo Museu e ver as novidades?
Consta que um certa gaivota vai andar por lá no sábado para falar com quem saber algo mais sobre o livro "Uma rota de Fé". Ela conta convosco.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

II PRÉMIO DO CONCURSO DA FESTA DA POESIA DA BIBLIOTECA FLORBELA ESPANCA

QUANDO A SAUDADE BATE

É assim:
Quando a saudade bate
Não basta o som das palavras
Nem a recordação dos dias que já foram.

Quando a saudade bate
Bate pelo tempo que há-de vir, mas não chega,
Pelo toque da pele de que se teme perder o cheiro
Pelos silêncios que dizem mais do que as palavras,
Mas, sobretudo,
Pela ânsia de sentir um coração
A bater encostado no meu peito

Isabel Lago