sábado, 16 de outubro de 2010

NEM A PROPÓSITO NOS DIAS DE HOJE

Dona Abastança

«A caridade é amor»
Proclama dona Abastança
Esposa do comendador
Senhor da alta finança.


Família necessitada
A boa senhora acode
Pouco a uns a outros nada
«Dar a todos não se pode.»


Já se deixa ver
Que não pode ser
Quem dá o que tem
Um dia a pedir vem.

O bem da bolsa lhes sai
E sai caro fazer o bem
Ela dá ele subtrai
Fazem como lhes convém
Ela aos pobres dá uns cobres
Ele incansável lá vai
Com o que tira a quem não tem
Fazendo mais e mais pobres.


Já se deixa ver
Que não pode ser
Dar
Sem ter
E ter sem tirar.


Todo o que milhões furtou
Sempre ao bem-fazer foi dado
Pouco custa a quem roubou
Dar pouco a quem foi roubado.


Oh engano sempre novo
De tão estranha caridade
Feita com dinheiro do povo
Ao povo desta cidade.


Manuel da Fonseca

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