quinta-feira, 30 de setembro de 2010

SE ME CHAMARES


Se me chamares
E não te responder
Não te zangues comigo.
Não é por indiferença
É mais certo ser por distracção.
As minhas ideias andam confusas
Entre o que tenho e o que gostaria de ter
O que faço e o que deveria fazer
O que sinto e não queria sentir.


Se me chamares
E quiseres que te ouça
Toca-me com a mão
Abana-me mesmo
Porque ao sentir-te
O que me rodeia ou me preocupa
Toma de repente um outro sentido


GM

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Agarrei o céu
Nesta tarde de Outono
E à hora do poente
Desfiz os raios brilhantes
Que sobraram do sol.
Com eles me vesti para te receber.

Por isso, quando chegares,
Não precisas de me procurar.
A luz que sai de mim
Te indicará onde te espero
E mesmo que seja madrugada
Chama-me.
Já não sei dormir sem primeiro te beijar...

SS

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

AINDA NÃO FECHOU A ÉPOCA DOS FOGOS FLORESTAIS

Anteontem a meio da modorra da tarde de calor no Douro, fui despertada pelo ruído dos aviões que por lá existem e têm passado os dias a apagar fogos.  Foi interessante ver o rio  a ser partilhado pelos barcos de cruzeiros e os aviões. Não consegui a foto ideal de um barco ao lado do avião. Mas deixo-vos aqui a de  um avião com os motores no máximo, a tentar arrancar do rio em direcção a mais um dos crimes ecológicos que estão a destruir a flora do nosso país.

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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Amar

Ousar dizer que te amo
É coisa elementar
E nem sequer uma novidade.
Por isso nunca o disse
Nem insinuei.
Para quê gastar palavras
Se me devolves
Em cada gesto
Em cada olhar
O mesmo ardor
Que ateei?


SS

terça-feira, 21 de setembro de 2010


Nunca voei tão longe
Como com o apoio das tuas asas…

Nunca subi tão alto
Como com o rumo que me traçaste…

Nunca vibrei tanto
Como quando me afagaste as penas…

Nunca atingi a plenitude e o  êxtase
Antes de voar contigo

SS

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

DIAS...

Dias são dias.
Um desfiar de horas
Minutos
E segundos.
Guardam em cada um deles
Imagens e afectos
E condensam,
No tempo em que duram,
A trama de projectos e anseios
Que cada pessoa tece
Para sobreviver
No inesperado
Dos seus pequenos mundos.


IM
20.10.2010

domingo, 19 de setembro de 2010

Douro I

 Santa Cruz do Douro. 
Sempre a beijar o rio entre Aregos (Tormes) e Mosteirô

Que tal um mergulho de casa para o rio?

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domingo, 12 de setembro de 2010

LISBOA E EU

A primeira vez que me lembro de ter ido a Lisboa odiei. Não me perguntem o quê e porquê. Não sei. Talvez porque não me deixaram levar as bonecas. Só gostei mesmo da viagem de comboio (que continua a ser o meu meio de transporte favorito). Todas as tentativas dos meus pais me convencerem a voltar lá com eles foram infrutíferas. Já universitária, uma viagem de curso fez-me começar a descobrir que não existia só o Porto. Aí Lisboa começou a revestir-se para mim de outras cores. E com os anos as coisas mudaram e hoje ir lá é para mim um momento de prazer e descoberta. Isto deve-se a um defeito que tenho, descobri com a idade, e que confesso publicamente: gosto de andar sozinha nas cidades a descobri-las. Tudo o que seja multidão à minha volta confunde-me. Uma ou duas pessoas, lá vou aguentando. Assim descobri a minha Londres e Madrid que foram as primeiras tentativas. Ousei fazê-lo em Moscovo e S. Petersburgo, mau grado o desconhecimento da língua. Um bom mapa e o domínio dos gestos e está a andar. Por motivos vários tenho feito várias visitas a Lisboa e aí até já domino os transportes e tenho título válido para eles. O desconto que a minha provecta idade me concede na CP ajuda e, de vez em quando, em vez de pastar por cá, desço à capital e passeio-me, e vou a museus e a exposições e ando pelas ruas, Realmente aquela cidade tem uma luz que me ilumina a alma. Este sábado um almoço informal levou-me até lá. Não tive tempo para devaneios de rua mas ainda deu para uma exposição, umas boas conversas, o matar saudades de amigos e de gozar paisagens  como a do Cais das Colunas (apesar do mau cheiro da maré vaza) e do Terreiro do Paço. Definitivamente tornei-me também uma fã desta cidade. E assim, saindo de manhã bem cedinho e regressando pelas 6 da tarde, já janto em casa e venho com a cabeça cheia de coisas que infelizmente, por tradição culltural e má gestão governamental, não chegam ao Porto.


Cais das Colunas às 12h de uma bela manhã de sábado

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sábado, 11 de setembro de 2010

COMPANHIA

Um minuto em tua boa companhia,
Não sei explicar exatamente,
Mas é como algo que fermente...
Transforma-se sempre em um grande dia.

Um minuto em tua boa companhia
Jamais se esgota em si mesmo,
Tampouco se perde a esmo.
Envolve, enlaça, contenta, sacia.

E é justamente esse hiato
Que te faz interessante
E que a minh’alma abriga.

E já não posso esconder de fato
Que és, assim, um ponto eqüidistante
Entre a mulher,a amante e a amiga.


Frederico Salvo

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A NET, AS REDES SOCIAIS, O SKYPE AND SO ON... E ASSIM COMUNICO COM AS NETAS HÁ UMA SEMANA...

Fiz-me mulher e mãe e licenciada nos anos 60 do século passado. Sou do tempo em que as comunicações internacionais se restringiam ao telefone e às cartas. Amigos da estranja, os designados "pen pal" eram mantidos através de uma correspondência mais ou menos regular. Os familiares que estavam fora do país só contactavam raramente  ou quando havia acontecimentos especiais. Definitivamente sou fruto do século passado. Contudo não o lastimo. Vivi numa época de evolução a todos os níveis sem me dar conta que eram os primeiros passos para a construção da sociedade em que hoje estou inserida. A boa qualidade e a exigência do ensino que me formou possibilitou-me adquirir as competências para hoje usufruir das novidades do século XXI. Aprendi a nunca parar, a não me deixar ultrapassar e a teimar que estou em muito boa forma para  vivir ao ritmo do século. Exemplo disso são momentos que tenho vivido esta semana e que ameaçam prolongar-se pelos tempos mais próximos ( ou longínquos). Passo a concretizar esta introdução: tenho a neta mais nova de passeio pela Holanda e a mais velha a iniciar o seu Erasmus em Barcelona. E espanto: tenho contactado mais com elas do que se cá estivessem. Entre o Facebook e o Skype estamos presentes em tudo (ou quase tudo) o que elas fazem. Já conheço os colegas da mais velha e sei nomes dos contactos da mais nova. Apesar da crise, abençoado este nosso tempo que nos permite estar tão próximos uns dos outros mesmo à distância.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

SEM VENTO

Sem vento não posso ir,
Nem quero ficar.
Como prosseguir,
Se p’ra velejar
A motricidade que o vento dá
É o que traz à vela, emoção;
É o que leva a nau a fluir pelo mar?
Minhas mãos não bastam
No exercício de remar.
Há tanta água, quanto solidão.
Será que em vão mil vagas enfrentei?
Serão meus dias como vãs respostas?
...(gaivotas pelo ar).
Na rude calmaria desse mar.
Na barca que se tem por coração.

Frederico Salvo

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

REGRESSO

Há sempre um regresso

Nunca deixamos de voltar
A um tempo
A uma pessoa
A um lugar
Porque regressar
É uma etapa da vida.

Por isso
Ainda que por instinto
Regressamos sempre
Mesmo sem partida.

GM

sábado, 4 de setembro de 2010

UMA MANHÃ DE SETEMBRO JUNTO AO MAR


Hoje de manhã não estava calor. Hoje de manhã esqueci as dificuldades dos dois últimos anos e atrevi-me a uma caminhada no Passeio Marginal. Hoje de manhã voltei a sentir os pulmões cheios do perfume da maresia, ouvi mais próximo os gritos das gaivotas, encantei-me com as acrobacias dos surfistas, vi os encarregados da praia a lavarem as lonas que vão ficar em desuso e adivinhei a aproximação de um navio por entre a neblina. Por mim passaram algumas das pessoas que pontualmente em cada manhã de muitos anos se cruzaram comigo e que me olharam com alguma curiosidade.
Hoje, por fim, e graças a Deus,voltei ao meu ritmo normal do despertar de cada manhã.


sexta-feira, 3 de setembro de 2010

VIDA

Aceito que seja assim,
Mas não me basta.
Quero mesmo é saber
Por onde o fio passa.
Em que viés,
Em que fundo de agulha...
Por onde a vida perpassa.

Frederico Salvo

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

PARA A CAROLINA NA SUA PARTIDA PARA BARCELONA

Iniciação
Para a Carolina na sua partida para Barcelona

Hoje - 
A cama em que vais dormir
Já não é a tua
A cidade em que acordarás
Já não será a tua
A língua que vais ouvir
É uma novidade

Hoje é o dia do teu salto
Para o futuro
Nada será como antes
Mas o antes vai dar-te a força que te faltar
E mostrar-te o rumo
Do teu novo lugar no mundo

Quando voltares
Virás mais rica
De saberes
De afectos
E de aspiração.
O verde dos teus olhos
Atravessado pelo azul do Mediterrâneo
E a tua postura de mulher diferente
Modelada nos pequenos “mas” diários
Serão o sinal para todos nós sabermos
Que conseguiste,
Em caminhada solitária
Mas ousada,
Vencer a grande etapa da tua iniciação.

IL

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