sexta-feira, 30 de julho de 2010

TURISTA NA MINHA PRÓPRIA CIDADE

Fui jantar com uma das netas ao restaurante da Ribeira onde o "querido" da moçoila faz o seu estágio do Curso de Cozinha da Escola de Hotelaria do Porto. Foi um prazer! Uma excepcional companhia, uma vista soberba e um tempo de país tropical. O polvo que o "chef to be" nos preparou estava uma delícia de tempero e parecia manteiga. Molho adequado. Quem conhece as batatas a murro do "Saltó Muro" de Matosinhos não consegue gostar de outras. Vou convidar o futuro chefe a ir lá comigo provar para tirar a receita (contudo não sei se o departamento das batatas era com ele). Considerando a comida, o atendimento e a beleza do cenário, confesso que não sendo barato, até nem foi caro. Bebemos um Evel branco fresquinho e no regresso rezei para não encontrar o balão.  
Adorei a noite e ver a nossa Ribeira revitalizada, cheiinha de turistas multiculturais. De repente, as duas, tivemos a sensação que estávamos em viagem num país que não o nosso. Por algumas horas fomos turistas na nossa própria cidade.

A foto foi  a possível  a partir de um telemóvel manhoso.

Despedida com a ponte e a Serra do Pilar iluminadas

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terça-feira, 27 de julho de 2010

MANIA

Tenho a estranha mania
De interpretar silêncios.
Esquisito, sem dúvida,
Este entretém de dar sentido
Ao que não se vê,
Não se sente
E só sabemos que existe
Quando se não ouve.


Não me debruço sobre os meus,
Porque sei o que escondem,
Mas sobre os dos outros.
Sempre que sinto um
À minha volta
Crio um argumento sobre ele,
Devaneio sobre o seu teor
E não descanso
Enquanto não o entendo.

Porém,
Se consigo descobrir
Ou me informam
Da verdadeira razão
Que levou a tal mutismo
Espanto-me sempre
Porque, apesar do esforço feito,
Raramente, para não dizer o nunca,
O real coincide com o meu guião

im

domingo, 25 de julho de 2010

DIA DE SANTIAGO E DA MÃE GALIZA

Por isso é dia de recordarmos uma poetisa que tanto nos diz a nós portugueses

San Antonio bendito,
dádeme um home,
anque me mate
anque me esfole.


Meu santo San Antonio,
daime um homiño,
anque o tamaño teña
dun gran de millo.
Daimo, meu santo,
anque os pés teña coxos,
mancos os brazos.


Uma mller sin home...,
ί santo bendito!,
é corpiño sin alma,
festa sin trigo,
pau viradoiro
que onda queira que vaia
troncho que troncho.

Mais, em tendo um homiño,
ίVirxe do Carme!,
non hai mundo que chegue
pra um folgarse.
Que, zambo ou trenco,
sempre é bo ter un home
para um remédio.


Eu sei dum que cobisa
causa miralo,
lanzaliño de corpo,
roxo e encarnado,
caniñas de manteiga,
e palavras tan doces
qual mentireiras.

Por el peno de día,
de noite peno,
pensando nos seus ollos
color de ceo;
mais el, xá doito,
de amoriños entende,
de casar pouco.

Facé, meu Sant Antonio,
que onda min veña
para casar conmigo,
nena solteir
que levo en dote
uma culler de ferro,
carro de boxe,
un irmanciño novo
que xá tem dentes,
unha vaquiña vella
que non dá leite...

Ai, meu santiño!:
face que tal suceda
cal volo pido.
San Antonio bendito,
dádeme um home,
anque me mate,
aunque me esfole,
que, zambo ou trenco,
sempre é bo ter un home
para um remédio.

Rosalia de Castro

terça-feira, 20 de julho de 2010

PARA ME ENCONTRAR

Para me encontrar
Não preciso da ciência
Dos cálculos matemáticos
Ou da filosofia barata.
Faço-o
Procurando a paz
Nos pequenos instantes
De cada dia.
Na ordem do mundo
Onde existo.
Na amizade de quem me estende
A mão.
Na luz que com a água
Me oferece o arco-íris.
No sorriso de uma criança
E no planar sereno das gaivotas.
E, se nada disto tiver,
Para me encontrar
Basta-me o silêncio
Como refúgio
E um coração a pulsar.


GM

sábado, 17 de julho de 2010

TARDE VAZIA

Caiu a tarde.
De tudo quanto fiz
Ficou-me um estranho sabor
A coisas perdidas
Coisas que fiz por fazer
E que talvez ninguém vá ver.
Ocupei-me nelas com prazer
Por isso criei-as em jeito de afago
Imaginando para cada uma delas um destinatário.
Como não encontrei nenhum adequado
Guardei-as num certo armário
Onde guardo tudo quanto faço
E que acaba ali
Tristemente abandonado.

GM

sexta-feira, 16 de julho de 2010

RAIOS

Está quente
E o sol deslumbrante
Que ilumina o meu jardim
Qual Cupido disfarçado
Atravessa as vidraças
Desenha raios coloridos
E lança-os sobre mim.

Recolho-os com cuidado
E ato-os como flores
Num ramo de paixão
Que guardarei até ao dia
(que espera nunca chegue)
Em que me possam servir
De companheiros fiéis
Nas horas de solidão.


IM

segunda-feira, 12 de julho de 2010

MÚSICA NO SILÊNCIO...

Música no silêncio antiquíssimo da noite!
Eterno o silêncio, eterna a música,
Que sempre existiram no universo,
Nas águas e no vento!
Aqueles que a escutaram antes dos outros
Foram os que nasceram compositores!...
Ouço-os no silêncio da noite
Cada vez mais atento
Quando cansado estou dos ruídos periféricos
Da vida. Da vida que corre sublime
E pura como as águas limpas que se ouvem correr
Livres nas montanhas.
Música pura, é o silêncio, que fala.
E quando fala e eu escuto,
Respiro, pairo, danço, voo,
E entro no universo infinito do meu corpo
Que se transforma sem dar por isso
Num oásis de conforto!...

EDUARDO ALEIXO  in "As palavras são de água"

sábado, 10 de julho de 2010

LOUCURA

Deve ser loucura
Esta estranha maneira de querer
E desejar

É como olhar para o sol sem o ver
E pensar
Que o céu
Só porque é azul
É capaz de ser um mar.

Perco-me nesta oposição
Entre o imaginário e o real
Entre o sonhar e o possuir
Contradição fatal
Para quem vive ao ritmo do coração

GM

quarta-feira, 7 de julho de 2010

QUISERA

Quisera ser
o azul do teu céu ao acordares
o calor do sol que te faz viver
a imensidão do mar que te seduz
a brisa que buscas para refrescares.
Mas como sou apenas um momento no teu dia
Deixa que seja eu quem traz a luz.

GM

domingo, 4 de julho de 2010

HISTORINHA

Supõe
Que eu sou Inês
E tu Pedro.
Não os da História
Sobre quem tanto falámos
Mas os que construíram
Para si
Uma historinha.


Então eu diria
-Tu és meu!
Depois beijava-te
E adormecia.

Tu, seduzido,
Sem me acordares,
Olhar-me-ias longamente
E pensarias:
-Tu és minha

SS

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quinta-feira, 1 de julho de 2010

PORTAS DE MATOSINHOS - MOSTRA DE PINTURA DA USFE

A Universidade Sénior Florbela Espanca lançou no princípio do ano lectivo um desafio aos alunos do curso de pintura: fazer uma recolha fotográfica de portas de Matosinhos e Leça e com ela iniciar-se um projecto denominado PORTAS DE MATOSINHOS.  Hoje abriu ao público a primeira das mostras com alguns dos trabalhos feitos ao longo do ano. O resultado foi muito agradável como poderão ver por algumas(poucas) dessas telas de artistas principiantes:





Muito obrigada à direcção da USFE que nos aliciou e às professoras que nos aturaram estes ataques de loucura

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