quarta-feira, 31 de março de 2010

GAIVOTA

Gaivota és companheira
do marinheiro acordado.
Foste a única verdadeira
que me contou o passado.

Bolachas dei-te na ponte
para te servir o jantar
Admiramos o horizonte
Gaivota, somos do mar

Francisco José da Ponte (mestre de arrastão)

terça-feira, 30 de março de 2010

QUANDO ESTOU LONGE

Quando estou longe
Tento recordar a luz
Que vislumbro
Na profundidade do teu olhar
Quando me encontras

Depois de muito tempo.

Escorre sobre mim
Como um sorriso
E lança,
Pelo espaço que nos separa,
Um rasto de brilho
Que me impede de avaliar a distância
Onde reside a nossa ausência


GM

segunda-feira, 29 de março de 2010

HÁ MUITO TEMPO...

Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.
Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
…Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor

MIGUEL TORGA

domingo, 28 de março de 2010

O EXTRAORDINÁRIO SABER DOS MENOS NOVOS

Espero que aprecie.

Jorge Antunes


Quanto mais envelhecia,
quanto mais insípidas me pareciam
as pequenas satisfações que a vida me dava,
tanto mais claramente compreendia
onde eu deveria procurar a fonte
das alegrias da vida.

Aprendi que ser amado não é nada,
enquanto amar é tudo.

O dinheiro não era nada,
o poder não era nada.

Vi tanta gente que tinha dinheiro e poder,
e mesmo assim era infeliz.

A beleza não era nada.
Vi homens e mulheres belos,
infelizes, apesar de sua beleza.

Também a saúde não contava tanto assim.
Cada um tem a saúde que sente.

Havia doentes cheios de vontade de viver
e havia sadios que definhavam angustiados
pelo medo de sofrer.

A felicidade é amor, só isto.

Feliz é quem sabe amar.
Feliz é quem pode amar muito.
Mas amar e desejar não é a mesma coisa.
O amor é o desejo que atingiu a sabedoria.
O amor não quer possuir.
O amor quer somente amar.

(Hermann Hess )

COLABORAÇÃO DE UM ELEMENTO DO BANDO QUE ANDAVA PERDIDO

Uma ausência um pouco maior de que espero «perdão» de todo o magnífico Bando!


O Espirito

Nada a fazer amor, eu sou do bando
Impermanentemente das aves friorentas;
E nos galhos dos anos desbotando
já as folhas me ofuscam macilentas;

E vou com as andorinhas. Até quando?
À vida breve não perguntes: cruentas
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando
Ave estroina serei em mãos sedentas.

Pensa-me eterna que o eterno gera
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,
Em ileso beiral, aí espera:

Andorinha indeme ao sobressalto
Do tempo, núncia de perene primavera.
Confia. Eu sou romântica. Não falto.

Natália Correia

O obrigado pela ternura, dedico-lhe , a si MC , esta poesia de Torquato da Luz.

SINFONIA

Enternece-me a música
que desprendem os teus olhos,
melodia única,
da família dos sonhos.

Misteriosas paisagens
espraiam no teu rosto
o som líquido das vagas
confluindo no porto.

Não sei de outra sinfonia
para a perfeição dos dias.



Já todos perdemos alguém, mas às vezes parte um «alguém» que dói mais.

Dá-me a tua mão,
Deixa que a minha solidão
prolongue mais a tua
- para aqui os dois de mãos dadas
nas noites estreladas,
a ver os fantasmas a dançar na lua.

Dá-me a tua mão, companheira,
atá o Abismo da Ternura Derradeira.

José Gomes Ferreira


JORGE ANTUNES


Para JA - resposta

"Tão longe, do outro lado
Tão longe, ao pé de mim"

MC

HÁ TANTAS COISAS ATADAS A NÓS

Há tantas coisas atadas a nós

Um dia...
Um dia tive um irmão
Um dia ele partiu
Esses dias são agora meus
Espalhados
De mãos dadas
Num sorriso
Num abraço

Vem comigo
Passear

Por aqueles caminhos
Que conheces

Entre o papel
E o lápis
As mãos olham
E vão sonhando

Vem sentir
Estas mãos

No papel
Vou escrevendo
Traços de luz
Traços de olhar
Traços de canto

Vem ouvir
Os pássaros que cantam

Espero no mesmo sítio
Olhando o caminho
Onde sempre quis
Passear contigo
De mãos dadas

Vem tocar para mim
Enquanto sonho

Jorge era seu nome
Jorge é até que eu morra


MC

27 de Março de 2010

sexta-feira, 26 de março de 2010

VISITA A COIMBRA

Ontem a Universidade Sénior Florbela Espanca fez mais uma das suas visitas de estudo. Desta vez fomos a Coimbra. Tudo nos despertava, mas, sem dúvida, o sítio que mais nos chamava era mesmo o Convento de Santa Clara-a-Velha. Por mim falo. Desde os tempos que ia com os meus pais ao Portugal dos Pequeninos que sentia uma grande curiosidade por aquela construção semi submersa pelas águas e aluviões do Mondego. Finalmente conseguimos vê-la desaterrada e a seco. Toda a visita do conjunto é um espanto. Um polo museológico a pedir que vão lá e vejam que em Portugal se trabalha muito bem. Ele haja dinheiro para isso. Foi um dia espantoso que nem o mau tempo conseguiu estragar. Começámos pela Universidade: Biblioteca Joanina, Capela e Sala dos Capelos. Os Gerais e a Porta Férrea trouxeram-me montanhas de recordações. Seguiu-se uma pérola desconhecida para mim: a Igreja de Santo António dos Olivais. Este é outro conjunto imperdível. Até o cemitério é lindo! Acabámos o dia nas entranhas de Coimbra a conhecer um pouco da velha Aeminium romana. Não deixem de visitar. Eu adorei, se bem que a quantidade de escadas e o piso me tirem a vontade de repetir (por questões meramente pessoais e de saúde). Quando a Sarrabiscos me ceder as fotos dela (muito melhores do que estas) eu prometo um big slide show.
Obrigada, organização. Podem repetir.


Nem o mau tempo iria conseguir estrgar

A USFE EM COIMBRA

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quinta-feira, 25 de março de 2010

COIMBRA 25 DE MARÇO DE 2010


Em cada esquina
A cidade fechou-se em mim
E escorregou-me pelos dedos
Num “dejà vu” constante.

Segui os meus próprios passos
Pelos caminhos de outrora.
Não via as caras do costume
Mas as casas estavam lá
Tantos anos depois da primeira vez.

E senti
Que o tempo não tinha passado
Estava perto de mim, como se tivesse sido na véspera

E descobri
Que algo de mim ficara atado naquela cidade
GM

quarta-feira, 24 de março de 2010

DE NOVO EÇA, SEMPRE ACTUAL

Política de Interesse
Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações.
A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse.
A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva.
À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.
Eça de Queiroz, in 'Distrito de Évora (1867)

terça-feira, 23 de março de 2010

Para J. A.

"Mãe!passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!"

Almada Negreiros

G. MIMI

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domingo, 21 de março de 2010

PARA OS MAIS MADUROS

O valioso tempo dos maduros

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!

MÁRIO DE ANDRADE

PARA FECHAR O DIA DA POESIA

Minha alma tem pressa
Guardo
As palavras
Com medo
Que o tempo
Mas tire


Nas minhas mãos
As guardo
E as afago
E
Como bem precioso
Só as dou aos amigos
Sorrindo

É um pouco
De mim
Que assim fica
Porque
A minha alma tem pressa

MC

CHEGOU A PRIMAVERA

Chegou a Primavera
Senti isso há pouco
quando me viste do mesmo modo deslumbrado
com que descobriste
os rebentos da árvore a que nos encostávamos;


quando o parque se fechou
em silêncio e verde sobre nós;


quando deixámos de sentir a brisa que passou
e o sol fez brilhar mais o teu olhar

GM

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sexta-feira, 19 de março de 2010

SE DUVIDAS QUE TEU CORPO

Se duvidas que teu corpo

Possa estremecer comigo –

E sentir

O mesmo amplexo carnal,

– desnuda-o inteiramente,

Deixa-o cair nos meus braços,

E não me fales,

Não digas seja o que for,

Porque o silêncio das almas

Dá mais liberdade

às coisas do amor.

Se o que vês no meu olhar

Ainda é pouco

Para te dar a certeza

Deste desejo sentido,

Pede-me a vida,

Leva-me tudo que eu tenha

Se tanto for necessário

Para ser compreendido.

António Botto

quinta-feira, 18 de março de 2010

JUSTIFICAÇÃO A UM GABIÓN

Caro Gabión

Como o tinha informado, já nos tinha sido oferecida por um outro pássaro uma garrafa de branco "Boa Parte" destinado ao repasto a fazer com os bifes de faceira. Como ainda não tivemos a oportunidade de fazer o dito almocito por razões várias andávamos a olhar de mais para a dita cuja e cada vez nos vinha mais água à boca. E ontem não resistimos. A Gaivota Mimi aterrou aqui em casa para pagar uma visita atrasada uns meses e...bem... aconteceu... abrimo-la para o lanche. Mas este foi especial: pão português saboroso com um salpicão fatiado à maneira. O vinho portou-se bem enquanto durou. Saboroso, um bom corpo para branco, levemente gasoso e agradavelmente frutado. Está aprovado. Agora vamos ter que procurar sítio onde o encontrar porque ficámos clientes.
Muito obrigada pois pela sua óptima sugestão. Pode opinar mais porque aqui o bando agradece
Mimi e Maria

terça-feira, 16 de março de 2010

LETRA DA CANÇÃO LE PLAT PAYS DE BREL ( a pedido de uma leitora)

Le plat pays
par
Jacques Brel

Avec la mer du Nord pour dernier terrain vague
Et des vagues de dunes pour arrêter les vagues
Et de vagues rochers que les marées dépassent
Et qui ont à jamais le cœur à marée basse
Avec infiniment de brumes à venir
Avec le vent de l'est écoutez-le tenir
Le plat pays qui est le mien

Avec des cathédrales pour uniques montagnes
Et de noirs clochers comme mâts de cocagne
Où des diables en pierre décrochent les nuages
Avec le fil des jours pour unique voyage
Et des chemins de pluie pour unique bonsoir
Avec le vent d'ouest écoutez-le vouloir
Le plat pays qui est le mien

Avec un ciel si bas qu'un canal s'est perdu
Avec un ciel si bas qu'il fait l'humilité
Avec un ciel si gris qu'un canal s'est pendu
Avec un ciel si gris qu'il faut lui pardonner
Avec le vent du nord qui vient s'écarteler
Avec le vent du nord écoutez-le craquer
Le plat pays qui est le mien

Avec de l'Italie qui descendrait l'Escaut
Avec Frida la Blonde quand elle devient Margot
Quand les fils de novembre nous reviennent en mai
Quand la plaine est fumante et tremble sous juillet
Quand le vent est au rire, quand le vent est au blé
Quand le vent est au sud, écoutez-le chanter
Le plat pays qui est le mien.

Se quiserem ouvir a canção é só saltarem para a Sonata da saudade

segunda-feira, 15 de março de 2010

FELIZ DIA DOS TEUS 20 ANOS, CAROLINA

Há 20 anos acordaste para a vida:

Nasceste num princípio de tarde
De fim de Inverno.
Nem já me lembro se chovia
Ou estava frio.
Mas se estava
Nem dei por isso
Havia tanto amor,
Tanto coração a bater à tua volta
Que só poderia estar calor.

Com um beijo da avó


1990 - Era o ano em que os meninos portugueses adormeciam com esta música:


domingo, 14 de março de 2010

PARA A MINHA NETA CAROLINA QUE AMANHÃ FAZ 20 ANOS

sábado, 13 de março de 2010

MENSAGEM Nº 1000

Mil dia e mil noites sozinha eu sonhei
Com jogos de palavras e de imagens
Mil dia e mil noites transmiti
Poesias, músicas e mensagens.

A mim juntou-se um bando
De gaivotas
Buscando também a liberdade.
Juntas voamos pelo espaço virtual
E em terras desconhecidas
E entre gente estranha
Deixamos nosso sinal.

O dia de hoje
É o primeiro padrão
Dos voos deste bando.
Não é porém hora de pararmos
Há ainda quem nos espere
Não sabemos onde,
E só lá chegaremos
Sabe Deus quando.
Levaremos palavras e imagens
De bagagem.

Só que agora sonham vocês
Que eu comando

GAIVOTA MARIA


O meu obrigada a todos quantos têm colaborado na aventura que é fazer este blogue e o têm enriquecido com comentários e sugestões

LINHAS

Não me apetece a tangência
porque me sugere linhas
que sobrevivem apenas se encostadas
e que em contínua fricção
coabitam toda uma existência.

Também não quero a intersecção
das linhas secantes
que se cruzam por momentos
para logo se afastarem
numa outra direcção.

Prefiro a equidistância
das linhas paralelas.
Caminhando lado a lado
nunca se perdem de vista
nem mesmo com a distância.

GM

FIM DE TARDE

À volta de um copo de vinho

Tarde fria,vento cortante,uma mesa virada para o mar,vozes que se cruzam,sussuros de afectos,música embalando nossas almas.
Olhávamos,as águas calmas,com brilhos do entardecer.
Um copo de vinho,entre as nossas mãos.
Gozávamos os nossos silêncios.Palavras para quê?
Nossos lábios tocavam o copo transparente,com vinho cor de granadas e aromas de madeira.
Saboreávamos o momento.
Nossas almas envolviam-se em poemas de amor.
Nossos olhares se cruzavam

Nossas mãos tocam-se.
Erguemos os copos

O mar,sempre o mar,numa plenitude que nos renova.

E,o nosso encontro,voltou a acontecer muitas vezes e sempre entre nós um copo de vinho e um entardecer.


Em casa,ligámos o computador.
Olá- está escrito
E, todo o nosso corpo estremece de medo, que não volte acontecer outro encontro

MC

RECORDAR LORCA

Eu pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.
E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.

Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.

Amar-te-ei como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranqüila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!!

Garcia Lorca


Enviado pelo sempre atento JA

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quinta-feira, 11 de março de 2010

POEMA

Em que idioma te direi
este amor sem nome
que é servo e rei?

Como o direi?
Como o calarei?

É como se a noite se molhasse
repentinamente, quando choras.
É como se o dia se demorasse,
quando te espero e tu te demoras.

Albano Martins

quarta-feira, 10 de março de 2010

A UMA GAIVOTA DOCEIRA

A laranja olhou
Despediu-se da árvore
E saltou…
Depois rolou
Mas alguém a apanhou
E para a casa a levou.

E que fazer de laranja que rolou?

Quem a apanhou
Procurou, procurou
E encontrou
Destino para lhe dar.
Com cuidado arrancou
A casca de sol poente.
Os gomos todos picou
As sementes separou
E num tacho cheio de água
Ao lume tudo levou.
Depois açúcar juntou
E cozinhou, cozinhou…
E a laranja que rolou
Em compota se tornou
E num frasco acabou

E que faço eu aqui
Nesta longa lengalenga?

Fui o destino final
Da laranja que rolou
Tive o frasco de presente
E o doce que ele guardou
Na minha boca acabou.

IM

terça-feira, 9 de março de 2010

12000 PÁSSAROS

É verdade. 12000 "pássaros" voaram por este blogue! O 12000º foi um pássaro brasileiro. Não sei quem é, mas chegou-nos de Belém do Pará. Obrigada a todos quantos têm aproveitado de algum modo este espaço. Voltem sempre.

segunda-feira, 8 de março de 2010

A MINHA GUERREIRA

Apesar da desgraça do tempo, vejam o avanço da minha guerreira numa semana:



Gostaram?

UM ABRAÇO ENTRE O NORTE E O SUL

Este abraço fica muito bem neste blogue que voa por todo o país

MENINAS, BATAM AS ASAS PARA AGRADECER ESTA BELEZA

Quanto, quanto me queres? - perguntaste

Numa voz de lamento diluída;

E quando nos meus olhos demoraste

A luz dos teus senti a luz da vida.

Nas tuas mãos as minhas apertaste;

Lá fora da luz do Sol já combalida

Era um sorriso aberto num contrastre

Com a sombra da posse proibida..

Beijámo-nos, então, a latejar

No infinito e pálido vaivém

Dos corpos que se entregam sem pensar...

Não perguntes, não sei - não sei dizer:

Um grande amor só se avalia bem

Depois de se perder.


(António Botto)

Enviado por J.A.

sábado, 6 de março de 2010

PRAZERES EM SÁBADO DE CHUVA

Um sofá
longo,
com espaço para dois.
Um livro de amor
que folheio
sonolenta
embalada por Chopin.
O crepitar do fogo
na lareira
que me aquece a alma.
Um copo de vinho tinto,
de Rioja
ou do Redondo,

tanto faz,
(depende do momento
ou então da companhia).
Um afago
e um convite
e pode o mundo acabar...

SS

quinta-feira, 4 de março de 2010

MARESIA

Hoje à tarde
Não havia gaivotas na praia
Apenas lixo e restos de madeiros
Que o mar, furioso
Despejara.
O sol forte,
Nesta tarde sem chuva,
Batia nas ondas
Que se projectavam
Altas e luminosas
Até morrerem
Em espuma
Na areia.
No horizonte
Os navios de cores indistintas
Confundiam-se
Com o cinzento cintilante
Do encastelado da água.

No regresso da praia
Comigo trouxe apenas
O cheiro a maresia
Que me recordará o mar
No próximo dia de chuva

GM

quarta-feira, 3 de março de 2010

PARA O MEU BANDO

GAIVOTAS

Ondas rebeldes apagam as pegadas na areia,
Desafiando toda a presença humana.
Imóvel, observo as minha utopias,
Pairam sobre a vida, em jeito de bandos de gaivotas,
Ora num suave planar junto ao solo,
Ora elevando-se num céu cor de cinza.
Uma, mais ousada, aproxima-se de mim.
Descreve circunferências mais e mais apertadas,
Pousa ao alcance da mão e olha-me fixamente,
Nos olhos a esperança e as lágrimas dos navegantes.
Agita as asas com o poder das águias,
E com uma suave brisa descola,
A toda a volta resta, apenas, um estéril areal.
E além dele, um infinito mar de oportunidades.

M.Daedalus

terça-feira, 2 de março de 2010

FINALMENTE! AFINAL QUAL DOS GAVIÕES SERÁ O NOSSO?

Querido gabión

Acabo de receber mais uma das suas ternas cartas. E esta com a novidade de responder ao desafio que lhe pus de me informar e ao bando sobre a sua linha genealógica e aspecto.
Identificou-se como Gabión Negro. Fui ver à Wikipédia e o mais aproximado que encontrei de Negro foi o preto. Se é esse a que se refere, então meninas, aqui temos a foto do nosso tão amado gabión

Reza assim a sua descrição na Wikipédia:

O gavião-preto (Buteogallus urubitinga) é gavião que ocorre do México à Argentina, e em todo o Brasil, nas beiras de matas e nos brejos. A espécie mede cerca de 63 cm de comprimento, plumagem negra com barras cinzentas nas asas, base da cauda branca, cera e pernas amarelas. Alimenta-se de anfíbios, répteis, aves, pequenos mamíferos e também de frutas. Também é conhecido pelos nomes de acocolino, cã-cã, cancã, cauã, caureí, corocoturu, gavião-belo, gavião-caipira, gavião-caripira, gavião-fumaça, gavião-tinga, japucanimpium, tauató-preto e urubutinga .
Sendo assim é animal da estranja. Uma coisa que me espantou foi a quantidade de nomes por que é conhecido. Gostei muito do cancã (será que a mãe é de Paris?) , mas também do caipira e do fumaça. Mas há outros que são incomportáveis para momentos de ternura. Imaginem-se a dizer-lhe:"Meu querido japucaninpium". Prefiro chamar-lhe "gavião-belo". Com tantas denominações há sempre uma para cada ocasião. Pelo menos se quiser escrever com pseudónimos, não lhe faltam meios.
Contudo se ele é mesmo Gabión Negro, como assina, a história é bem diferente. Comecemos pela Imagem
Gostam? Este é o verdeiro Gavião-negro segundo o historial da banda desenhada. É um mero super-herói criado por Gardner Fox e o artista Dennis Neville. Foi visto a primeira vez em 1940. Isto não me agrada. Logo havia de calhar um sexagenário. E o pior é que tem namorada, e ainda por cima uma vamp que se designa por moça-gavião. Vejam logo o que me havia de acontecer? Faz declarações e é comprometido Em resumo: acho que o vamos tratar por gabión preto. Sempre tem uma figurinha mais bonita. E sendo sul-americano pode ser que nos leve até aos Brasis ou à Pampas.
Até ao seu regresso, querido gabión. Cá o esperamos. Não receie os outros admiradores.
Um bater de asas e uma bicadela

segunda-feira, 1 de março de 2010

DESPERTAR

Chove de mansinho
Sobre o jardim
Onde a minha magnólia
Mostra vaidosa
Os primeiros sinais
da ninhada deste ano.
Hoje são ainda pequenos botões
De um verde acastanhado
Mas amanhã,
Mesmo que não haja sol,
Vão ser belas flores
De um roxo matizado.

Bendita seja a natureza
Que se supera cada dia
Para nos confiar tal beleza.
GM

Ontem

Hoje (que é o amanhã de ontem)

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