domingo, 29 de junho de 2008

EXPOSIÇÃO DE PINTURA DA USFE


Ontem tivemos a solena abertura da 1ªexposição colectiva de Pintura dos alunos da Universidade Sénior Florbela Espanca, em Matosinhos. Dada a afluência do público posso dizer que foi um êxito. Os que lá não estiveram poderão visitá-la ao longo desta semana, durante a tarde. Há de tudo como na Farmácia. Até mesmo alguns espantos. Eu não pertenço a esta classe, mas acho que não me portei mal. Acima poderão ver uma foto de conjunto das minhas obras. Falta o presépio, que estava na mesa da cerâmica, mas com o movimento esqueci-me de o fotografar. Obrigada aos meus amigos que ali se deslocaram expressamente para me abraçar.
Não tentem comprar alguma das minhas obras pois já está tudo reservado e até me fizeram encomendas. Filhas são sempre assim... Para o meu bando de gaivotas familiares um beijo enorme. Para a Paula Carreira um abraço especial. Obrigada, professora Glória pela paciência que teve comigo. Parabéns aos meus colegas, que passaram ao rol dos meus amigos. Para a Conceição Couto o meu especial reconhecimento pela ajuda enorme que me prestou ao longo do ano. A ela devo parte do que consegui. Para o ano, se Deus quiser há mais...

sexta-feira, 27 de junho de 2008

One more (or less) night

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Um Beijo de fogo especial: Armstrong

PARA O MEU BANDO APAIXONADO

Congresso de gaivotas neste céu
Como uma tampa azul cobrindo o Tejo.
Querela de aves, pios, escaracéu.
Ainda palpitante voa um beijo.

Donde teria vindo! (não é meu...)
De algum quarto perdido no desejo?
De algum jovem amor que recebeu
Mandado de captura ou de despejo?

É uma ave estranha colorida,
Vai batendo como a própria vida,
Um coração vermelho pelo ar.

E é a força sem fim de duas bocas,
De duas bocas que se juntam, loucas!
De inveja as gaivotas a gritar...


Alexandre O'Neill

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Um obrigada especial

CONVITE


No próximo sábado, dia 28, pelas 17h, será inaugurada, nas instalações do Orfeão de Matosinhos, na Rua de Brito Capelo (ao lado do edifício dos CTT) a primeira Exposição Colectiva de Pintura da Universidade Sénior Florbela Espanca.

Esta mostra em que serão expostos os trabalhos criados pelos alunos das duas turmas leccionadas pela Dra. Glória Gonçalves estará aberta ao público, durante as tardes do dia 29.6 a 6.7.

Contamos com a vossa presença
P.S. A gaivota Maria também vai andar por lá

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Fogo de S. João

NOITE DE S.JOÃO


Ó Anjo da minha guarda

Quem vos varreu o terreiro?

As cachopas de Alpedrinha

C'um raminho de loureiro.


S. João adormeceu

Debaixo da laranjeira,

Cobriu-se todo de flores,

S. João que bem que cheira.


Na noite de S.João

Vou fazer uma fogueira

Com folhas de verde louro

Com rosmaninho que cheira.


Hei-de deixar ao relento

Uma folha de figueira

Se S. João a orvalhar

Hei-de encontrar quem me queira.

in Velhas Canções e Romances Populares Portugueses

sábado, 21 de junho de 2008

É JÁ DEPOIS DE AMANHÃ...

Pois é verdade... Mais um ano se passou e, acabado o S. António, depois de amanhã, 23, será a grande noitada de S. João no Porto. Já há uns anos que não vou para o meio da festa. O abandono do tradicional alho porro e a sua substituição pelos barulhentos e, por vezes, dolorosos martelos, afastou-me definitivamente da brincadeira. Mas que tenho saudades, tenho. Só que pertenço ao grupo que prefere o cheirinho do alho aos "galos" dos martelos na cabeça. BOM S. JOÃO PARA TODOS OS CORAJOSOS.

S.JOÃO NO PORTO

quinta-feira, 19 de junho de 2008

AO PRINCÍPIO ERA NADA


Ao princípio era nada:
apenas superfícies brancas
despidas de linhas
de conteúdo
e de formas diversas

Então roubámos
O cheiro das flores
O sabor do mar
A profundidade do céu
O calor do sol
O brilho das estrelas
O crepitar do fogo
Que misturámos
Com as nossas ideias
Memórias
E instintos

E com tudo isto
surgiram
imagens
sensações
pequenas coisas da vida
e muitos afectos

Então cada uma das telas
ligadas apenas pelo fio invisível
que cruza a vontade com o sonho
foram trabalhadas por mãos
que lhes transmitiram
alma e sentido

E o nada desabrochou em Pintura

IL




quarta-feira, 18 de junho de 2008

La mer - Charles Trenet

CAMINHO PELO LADO DA REBENTAÇÃO

Caminho pelo lado da rebentação das ondas
―o litoral guarda segredo dos meus passos entre
as redes de sal trazidas pelos barcos
e o labirinto das algas ainda agora oferecidas
à praia. Sinto-me à mercê das falésias a riscar
o teu nome na areia; e é como se lentamente
pronunciasse um chamamento triste a que ninguém
acode. Fez-se tarde para os lamentos das sereias:
agora as marés dobam novelos de espuma à roda
dos meus pés, as águas já não transportam
a minha voz, a perder-se sobre as dunas
que os ventos vão desbastando devagar
ao cair da noite.
Tenho sempre medo que não voltes.

Maria do Rosário Pedreira

domingo, 15 de junho de 2008

FOTOGRAFIA DO PORTO


O Porto é uma menina a falar-me de outra idade.

Quando olho para o Porto sinto que já não sou capaz

de entender a sua voz delicada e, só por ouvir, sou

um monstro que destrói. Mas os meus dedos são capazes

de tocar-lhe nos ombros, de afastar-lhe os cabelos.

Entre mim e o Porto, existem milímetros que são

muito maiores do que quilómetros, mesmo quando

os nossos lábios se tocam, sobretudo quando os nossos

lábios se tocam. De que poderíamos falar, eu e o Porto,

deitados na cama, a respirar, transpirados e nus?

Eis uma pergunta que nunca terá resposta.

José Luís Peixoto


sexta-feira, 13 de junho de 2008

A MINHA CASCATA


Cascata típica do Porto


Com o mês de Junho chegavam os Santos Populares. Na minha terra nunca ligámos muito ao S. António e o S. Pedro era festejado essencialmente pelos pescadores. O nosso Santo era o S. João. Havia uma emoção especial naquela festa. Logo nos primeiros dias do mês ia-se buscar a grande caixa de cartão onde se guardavam os bonecos e começava a discussão sobre o local em que se montaria a cascata nesse ano. O que eu acho mais piada, assim à distância, é que só havia dois locais para o fazer: Um, o favorito, era no canteiro redondo do quintal. O outro era junto da parede que separava o jardim do pátio onde estava o tanque. No primeiro domingo do mês, de manhã, saíamos todos, eu, o meu primo Zé e os empregados das lojas dos meus pais, em excursão até ao molhe sul onde recolhíamos as escórias necessárias para fazer os relevos da cascata. Da praia vinha a areia para desenhar o chão e os caminhos. À tarde, em nova saída, desta vez para os campos, recolhíamos o musgo e os ramos de carvalho.
A cascata era feita quase sempre depois de jantar. Os dias eram mais compridos e comia-se muito depressa para ficarmos com tempo livre. Os grandes arquitectos das cascatas foram primeiro o Gilberto e mais tarde o Chico. Colocavam-se em frente ao local e iam dando ordens. Primeiro fazia-se uma espécie de palco com madeira dos caixotes de sabão, que era forrada com papel pardo sarapintado previamente com pingos de tinta preta, castanha e verde, para imitar a terra e as rochas. Depois dispunham-se os pedaços de escória e o musgo e traçavam-se os caminhos com areia ou serrim. Na parte mais alta (do canteiro redondo) ou encostada ao muro pousava-se uma caixa de cartão, também forrada com o dito papel pintado e com musgo. Por cima fazia-se uma espécie de dossel com ramos de carvalhos por entre os quais se dissimulava uma lâmpada. Era a zona mais importante da cascata e onde se albergavam os três santos. Na semana antes do S. António era este santo que se punha ao meio. Até ao dia 24 o lugar era ocupado pelo S. João que, por sua vez, era substituído pelo S. Pedro até 29.
A disposição dos bonecos era também motivo de grandes discussões. Cada um de nós tinha as suas simpatias por determinadas figuras e queria pô-las próximas dos santos. Os pastores, as ovelhas e o polícia que prendia a leiteira que fazia chichi no leite eram os meus favoritos. Também me atraíam muito as casinhas de cartolina que o Chico fazia e pintava.
Em toda aquela festa havia três coisas que me tocavam especialmente. Uma era o momento em que, na noite de S. João, se acendiam os balões suspensos à volta da cascata. Durante algum tempo eram iluminados pelos tocos de velas que se prendiam lá dentro. Mais tarde o Chico inventou um processo ardiloso de lhes pôr lâmpadas. O que parece hoje tão fácil e que já se compra feito, naquela altura era uma verdadeira obra de engenharia. A segunda era o lançamento do fogo e dos balões, lá pela meia-noite. Os balões iam sendo feitos pelo Chico ao longo das semanas anteriores. No intervalo dos clientes, o papel de seda e a cola substituíam as fitas e os tecidos em cima do balcão da retrosaria da minha mãe. Mas a coisa que me dava mais prazer, era andar a pedir na rua “um tostãozinho para a cascata”que era, aberto o portão do jardim, podia ser vista pelos passantes. Eu, que nunca fui muito ligada a dinheiro, ficava fascinada pelas moedas de meio tostão e tostão que as pessoas me punham no prato de esmalte. É certo que não me afastava muito mas aquilo dava-me uma sensação de liberdade e de independência de que ainda hoje sinto saudades. O meu padrinho deslocava-se sempre do Porto a Matosinhos para ir ver a nossa cascata. Era a esmola mais grossa. Lembro-me que um ano me deu vinte e cinco tostões – o que dava então para 5 viagens ao Porto de eléctrico. Embora me dissessem que era muito dinheiro eu fiquei tristíssima porque achava pouco. Era só uma moedinha, coisa sem valia para quem pensava que o valor do dinheiro se media pelo número de moedas. Vendo o meu ar triste, alguém me disse que eu podia trocar a moeda e assim teria mais. Meu dito e meu feito: sem dizer nada a ninguém, fui à tabacaria mais próxima e pedi para trocar os referidos vinte e cinco tostões. Muito simpaticamente deram-me de volta duas moedas de 5 tostões, uma de 10, duas de 2 e uma de 1. Mas como me tinham dito que eu tinha 25 tostões e afinal só me tinham dado 6 moedas, abri um berreiro no balcão que só acabou quando me trocaram tudo por 50 moedas de meio tostão.

Do meu velho S. João conservo o sentimento de alegria que todos partilhávamos com a montagem da cascata e a saudade que sentíamos quando a desmontávamos. Os meus netos, enquanto pequenos, ainda tiveram direito a uma só deles.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

PARA O MEU BANDO DE LISBOA - DIVIRTAM-SE

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Quem se lembra disto? Matem as saudades e os maus pensamentos por causa dos combustíveis

terça-feira, 10 de junho de 2008

Para meditarmos neste dia de Portugal

POESIA EM MOVIMENTO - lembram-se?

NASCEU POESIA

Da música caíram letras
Altas
Redondas
Deitadas
Curvas
Pontiagudas
Ligeiras
Esvoaçantes
Rodopiaram
E fugiram pelo chão

Apanhei-as
Juntei-as
Baralhei-as
Atirei-as ao ar
Guardei-as no meu colo

E nasceram palavras
Soltas
Livres
Sem elos
Sem sentido

Envolvi-as
Com luz
Som
Acção
Amor
Desespero
Paixão
Vontade
Gestos de vida

Misturei-lhes
Movimento
Ritmo
Cheiro de flores
Cantar dos pássaros
Murmúrio do mar

Acabei-as com um bocadinho de mim
E nasceu poesia

G. Maria

domingo, 8 de junho de 2008

Apeteceu-me fado, hoje

PARA A GAIVOTA MIMI


Vi-te há pouco na praia
Não na tua, do outro lado da ponte,
Que sempre nos uniu e nunca separou.
Vieste ao sabor do vento norte
Que tanto amas.
A esta hora
Ele trouxe-te embalada
Porque ainda é uma brisa suave.
Pousaste devagarinho
No azul húmido que se estendia
Mas logo levantaste
Fugindo da multidão de banhistas.
Segui-te com o olhar
Vendo o sol iluminar-te as asas
Enquanto te afastavas.
Afinal tens razão!
Apesar de eu não gostar dela,
Nos dias de nortada
O céu tem um azul bem mais lavado.

Bom domingo
Maria

sábado, 7 de junho de 2008

NON SÉ PORQUE TE QUIERO

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Enviaram-me este poema que reenvio para todas as minhas gaivotas

Je te l' ai dit

Je te l'ai dit pour les nuages
Je te l'ai dit pour l'arbre de la mer
Pour chaque vague pour les oiseaux dans les feuilles
Pour les cailloux du bruit
Pour les mains familières
Pour l'oeil qui devient visage ou paysage
Et le sommeil lui rend le ciel de sa couleur
Pour toute la nuit bue
Pour la grille des routes
Pour la fenêtre ouverte pour un front découvert
Je te l'ai dit pour tes pensées pour tes paroles
Toute caresse toute confiance se survivent.



Paul Éluard

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Nas mesas do café de Leça da Palmeira, Casablanca voando (Imagias 2000)

ANA LUÍSA AMARAL - Mais um prémio


O Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (APE) foi atribuído ao livro "Entre dois rios e outras noites", de Ana Luísa Amaral, informou hoje a associação num comunicado.

... o meu desejo de ti


São lágrimas por dentro,


Tão doídas e fundas



Que se......




a janela ao meu lado


fosse alta e oportuna,






invadia de amor o teu reflexo


e em estilhaços de vidro


mergulhava em ti.




Ana Luísa Amaral




Conheci esta Senhora, hoje tão laureada, como a menina de olhar vivo, bata branca e cinto às três pancadas, sentada numa carteira das minhas aulas de Português do extinto Externato da Boa Nova, em Matosinhos e com quem travava grandes debates por causa da gramática (uma grande guerra para ambas). Que saudades desse tempo! E imaginem agora o orgulho que sinto todas as vezes que ela ganha mais um prémio.


Por vezes, "ouso" enviar-lhe também umas linhas. Aqui deixo as que lhe mandei quando me ofereceu o seu livro "Às vezes o paraíso"


Não resisti…
Encolhida num sofá
Escondendo-me do frio
(que este ano veio mais cedo)
Li-o de fio a pavio…
Não ouvi chuva nem vento
E só parei no momento
Em que, feliz, me lembrei
Que nessa cadeia de rimas
Com princípio, mas sem fim
Há um pouquinho de mim.

Dezembro de 1998




Que a vida te continue a trazer grandes prémios. Um beijo

terça-feira, 3 de junho de 2008

NE ME QUITTE PAS

Estou de volta, mas, como verificaram, acabei por estar mais ou menos por perto pois a chuva intensa que acompanhou esta semana de aldeia fez-me cair na tentação da Net. Como passei o tempo? Conversando com duas amigas, lendo, pintando bastante e escrevendo. Digamos que apesar de tudo foi uma semana produtiva. O mau tempo também nos ofereceu a oportunidade de jantar à lareira o que é sempre agradável. Numa avaliação por alto, digamos que, malgré la pluie, até que foi agradável. Obrigada a todas as minhas gaivotas que não me abandonaram e foram dando palpites. Para as compensar aqui lhes deixo uma versão belíssima de uma canção de Brel cantada pela saudosa (na minha geração) Maysa Matarazzo.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Regresso a casa com música de Vinícius

SEDUÇÃO


Queria ter-te comigo
Para gozar este sol
Que o Verão prenuncia.
Passearíamos pelo parque
A que a chuva carregou os verdes
E encheu os lagos
Onde nadam famílias de patos,
Envergonhadas pela imponência do deslizar dos cisnes.
Talvez preferisses sentar-te num banco
E aspirar o perfume da terra
Enquanto me acariciavas as mãos
E me contavas como decorrera o teu dia.
Contudo, se fosse eu a escolher,
Arrastar-te-ia para a beira-mar
Onde eu sou mais eu
Porque me confundo
Com a profundidade do horizonte azul
E é minha a voz das gaivotas.
E não te iria falar do meu dia
(os meus dias são todos tão iguais
Que não valem a sua referência).
Levar-te-ia pela areia
Do castelo até ao molhe
E voltaríamos pelas mesmas pegadas
Que teríamos feito na ida,
Tecendo uma rede de traços
Que se cruzariam e afastariam
Em dança de sedução.
Depois, era só esperar
Num silencioso olhar
Que o poente se apagasse
Dando a vez ao amor
Para o cativo partir
Pela mão do sedutor.


Moi Même