quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Cancao do Mar

O negro e branco do mar e do amor

MAR

São estes versos que te escrevo brancos,
com a brancura da espuma em cada onda nascida.

São estes versos que te escrevo negros,
com o negrume da noite na vaga adormecida.

No branco do verso escrevo a negro o amor
que o mar irá cobrir quando alguém o quiser ler.

No negro do poema escrito no branco do verso
o céu deixará um fundo azul quando a maré descer.

E sob o azul do céu, no branco do verso,
o poema ficará branco e negro com o arco-íris de uma flor.

Limpo da espuma de uma onda que rebentou,
é no mar que se lê, negro e branco, o que é o amor.

Nuno Júdice

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Michael Bublé - Lost

Para que as gaivotas do meu bando não se sintam pedidas nem sós

Diz-me o teu nome - agora, que perdi
quase tudo, um nome pode ser o princípio
de alguma coisa. Escreve-o na minha mão
com os teus dedos - como as poeiras se

escrevem, irrequietas, nos caminhos e os
lobos mancham o lençol da neve com os
sinais da sua fome. Sopra-mo no ouvido,
como a levares as palavras de um livro para

dentro de outro - assim conquista o vento
o tímpano das grutas e entra o bafo do verão
na casa fria. E, antes de partires, pousa-o
nos meus lábios devagar: é um poema

açucarado que se derrete na boca e arde
como a primeira menta da infância.
Ninguém esquece um corpo que teve

nos braços um segundo - um nome sim.

Maria do Rosário Pedreira

sábado, 26 de janeiro de 2008

Pasion Vega - concierto sevilla Maestranza 6/12

Especialmmente para Gaivotas de bom gosto

E de novo a armadilha dos abraços

E de novo a armadilha dos abraços.
E de novo o enredo das delícias.
O rouco da garganta, os pés descalços
a pele alucinada de carícias.
As preces, os segredos, as risadas
no altar esplendoroso das ofertas.
De novo beijo a beijo as madrugadas
de novo seio a seio as descobertas.
Alcandorada no teu corpo imenso
teço um colar de gritos e silêncios
a ecoar no som dos precipícios.
E tudo o que me dás eu te devolvo.
E fazemos de novo, sempre novo
o amor total dos deuses e dos bichos.

Rosa Lobato de Faria

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

cheguei há pouco do amor

cheguei há pouco do amor (cidade de gaivotas loucas
e luzes cegas). não concordas? eu sei já sei: vês as coisas
como falésias altas e impossiveis como ameias. cheguei há
pouco do amor e trago comigo esse discurso aprendiz:
o idealismo. desculpe mas o que pensa destas palavras

do recomeço (desse caminho) dóceis letras da promessa?
perdão perdão: há que ganhar o outro lado (uma chama de cada vez).
se bem me lembro em pequeno
as cigarras podiam ser domesticadas e cada adeus era

um veneno. obrigado: obrigado. também me pareceu
ser essa a sua opinião, cheguei há pouco do amor e
vejo as certezas do mundo como uma ilusão. receio

pelo eterno procuro a fantasia mas é sempre no
ventre dessas gaivotas que se dão os primeiros beijos

João Luís Barreto Guimarães

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

I will survive - Gloria Gaynor

E por isso conseguimos sobreviver a tudo...

APÓS UM TEMPO

Após um tempo,
Aprendemos a diferença subtil
Entre segurar uma mão
E acorrentar uma alma,
E aprendemos

Que o amor não significa deitar-se
E uma companhia não significa segurança
E começamos a aprender...

Que os beijos não são contratos
E os presentes não são promessas
E começamos a aceitar as derrotas

De cabeça levantada e os olhos abertos
Aprendemos a construir
Todos os caminhos de hoje,
Porque a terra amanhã
É demasiado incerta para planos...
E os futuros têm um forma de ficarem
Pela metade.

E depois de um tempo
Aprendemos que se for demasiado,
Até um calorzinho do sol queima.

Assim plantamos nosso próprio jardim
E decoramos nossa própria alma,
Em vez de esperarmos que alguém nos traga flores.
E aprendemos que realmente podemos aguentar,

Que somos realmente fortes,
Que valemos realmente a pena,
E aprendemos e aprendemos...
E em cada dia aprendemos.

Veronica Shoffstall 1971
(tradução livre)

domingo, 20 de janeiro de 2008

I Believe I Can Fly

Se acreditarmos que todos podemos voar chegaremos cada vez mais alto

sábado, 19 de janeiro de 2008

REENCONTRO


De cabeça erguida e ansiosa
A gaivota aterrou devagarinho no areal.
Era a praia de onde partira há muito
Em busca não sabia de quê…
Levara consigo sonhos
E voltava com o odor de outras maresias,
As penas coloridas pelos mares tropicais,
O movimento de marés longínquas,
E o orgulho dum viver pleno.
A praia estava vazia,
Mas ela sabia que algures
Haveria de encontrar
Quem lhe pudesse contar
Que era feito do velho bando.
Voou mais para norte
E, pousadas, num rochedo
Ao calor do sol de Outono
Encontrou duas gaivotas.
Antes mesmo de descer
Reconheceu o seu grasnar
E ficou com a certeza
Que ia obter respostas
Capazes de desfazer
A ânsia do seu saber.
Pousou de manso entre as duas
E por fim ficou em paz
Porque lhes bastou só olharem
Começarem a falar,
Sem terem de perguntar,
Para o bando estar junto outra vez.


Gaivota Maria

A CHUVA CAI E EU QUERO LEMBRAR-TE

Quero
Amar-te
Amar-te
Na chuva
No vento
Na trovoada
Quero irromper
Por entre as nuvens
Não quero amar-te
Na quietude de um campo de flores
No cheiro da relva molhada
Ou olhando um quadro
Eu quero sentir-te
Não sonhar-te
É no vermelho
Do pôr do solQue quero
Deslumbrar-te
E desaparecer
E não saber
Quando volto
Amar-te

Gaivota mimi

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

ALWAYS IN MY HEART

Ao som desta canção,tocada por Glenn Miller, adormeci muitas vezes. É de uma película com o mesmo nome, que nasceu comigo. Em baixo têm a tradução em espanhol. Desfrutem-na

You are always in my heart
Even though you're far away
I can hear the music ofThe song of love
I sang with you
You are always in my heart
And when skies above are grey
I remember that you care
And then and there
The sun breaks through
Just before I go to sleep
There's a rendezvous I keep
And a dream I always meet
Helps me forget we're far apart
I don't know exactly when, dear,
But I'm sure we'll meet again, dear,
And my darling, till we do
You are always in my heart!

Siempre en mi corazon

Com cerca de 65 anos, esta foi a primeira canção de amor que me recordo ter ouvido. Vai só tocada em piano, mas continua linda. Vai para todo o nosso bando.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Já que o tema é amor - AS FACAS

Quatro letras nos matam quatro facas
que no corpo me gravam o teu nome.
Quatro facas amor com que me matas
sem que eu mate esta sede e esta fome.

Este amor é de guerra. (De arma branca).
Amando ataco amando contra atacas
este amor é de sangue que não estanca.
Quatro letras nos matam quatro facas.

Armado estou de amor. E desarmado.
Morro assaltando morro se me assaltas
E em cada assalto sou assassinado.

Quatro letras amor com que me matas.
E as facas ferem mais quando me faltas.
Quatro letras nos matam quatro facas.

MANUEL ALEGRE

Postado em comentário por Gaivota da Beira Tejo)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Já que o tema é o "amor" : ELEGIA DO AMOR

Lembras-te ,
meu amor,
Das tardes outonais,
Em que íamos os dois,
Sozinhos passear,
Para fora dos casais,
Onde só Deus pudesse
Ouvir-nos conversar?

TEIXEIRA DE PASCOAES

Postado em comentário pela nossa Gaivota Mimi

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

ARMA SECRETA

Tenho uma arma secreta
ao serviço das nações.
Não tem carga nem espoleta
mas dispara em linha recta
mais longe que os foguetões.
Não é Júpiter, nem Thor,
nem Snark ou outros que tais.
É coisa muito melhor
que todo o vasto teor
dos Cabos Canaverais.
A potência destinada
às rotações da turbina
não vem da nafta queimada,
nem é de água oxigenada
nem de ergóis da furalina.
Erecta, na torre erguida,
em alerta permanente,
espera o sinal da partida.
Podia chamar-se VIDA.
Chama-se AMOR, simplesmente.

António Gedeão
(postado em comentário a "Prazeres de uma tarde de domingo chuvosa" pela Gaivota da Beira Tejo)

domingo, 13 de janeiro de 2008

Stormy weather/ Etta James

Como se tem prazer numa tarde como a de hoje , de temporal do sudoeste

Prazeres de uma tarde de domingo chuvosa

Um sofá
longo, com espaço para dois.
Um livro de amor
que folheio sonolenta
embalada por Chopin.
O crepitar do fogo na lareira
que me aquece a alma.
Um copo de vinho tinto,
da Rioja ou do Redondo,
tanto faz,
depende da ocasião
ou talvez da companhia.
Um afago ou um convite
e pode o mundo acabar...


Gaivota Maria

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008


Não mostrarei meu rosto,

meus olhos me traem

quando te olho, e

minhas mãos não

quero que te afaguem,

e meu corpo, o meu

corpo oculto,

para que ninguém o veja,

guardado para ti

quando chegares. Nem

sei se chegarás

algum dia, mas

espero-te, aqui ou

em algum lugar...


Gaivota Mimi



I finally found someone

Esquece esta cena e tenta lembrar uma outra onde o poema que se segue poderia servir de memória:

ADEUS

Disseste-me
Adeus
E
Eu sorri
Pronunciando teu nome
Docemente
Agora entre
As brumas da memória
Procuro
Desse adeus
O dia
A hora
O momento
Está tudo tão vago
Tão distante
Mas
Sorrio ainda
E pronuncio teu nome
Letra a letra
Envolvendo-o docemente
Num alvo manto de ternura
Nas brumas da memória
Ficou gravado
Teu nome
Meu sorriso
Esse momento

MI(Maio-2005)

(gaivota Mimi)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Provérbios (cont.)

Gaivotas em terra temporal no mar.

(E nós aqui no norte estamos a sentir bem isto...)

The Bridges of Madison County_I finally found someone

Desculpem a insistência no tema do filme em causa mas achei que esta canção vinha mesmo a propósito da poesia que se segue

OUTRO SEBASTIANISMO

Com um olhar, pede-me que
a siga; mas o quarto que indica está
fechado há muito, com os ogres metidos
na cama e as bruxas a penteá-los. No
entanto, vejo nos seus olhos um outro
sonho: o palácio onde existe um trono
vago, onde ninguém se quer
sentar. E pede-me que entre na sala
vazia, para que seja eu a tomar conta
desse reino. Digo-lhe que o lugar
está reservado para o príncipe que nunca
há-de voltar; mas vou atrás dela,
acordando os ogres, irritandoas bruxas que os penteiam, e
tirando o trono a um rei que nunca vi.

Nuno Júdice

Provérbios (cont.)

Bons dias em Janeiro vêm a pagar-se em Fevereiro.
Canta o melro em Janeiro, temos neve até ao rolheiro.

(Gaivota da Beira Tejo)
10 de Janeiro de 2008 11:53

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

PROVÉRBIOS (cont.)
- Bons dias em Janeiro vêm a pagar-se em Fevereiro;
- Natal ao sol, Páscoa ao fogo, fazem o ano formoso;
- Amizade de genro, sol de Inverno;
- Casamento chuvoso, casamento venturoso

(Gaivota da Beira Tejo)

9 de Janeiro de 2008 14:46

 

Um provérbio por dia seria uma sugetão para começar o ano. Bom ano a todas.
Como já passaram 8 dias aqui vão 8 provérbios dedicados ao mês de Janeiro:

- Janeiro greleiro não enche celeiro;

- Janeiro mijão, não dá palha nem pão;

- Janeiro molhado não é bom para o pão, mas é bom para o gado;

- Janeiro molhado se não cria pão, cria gado;

- Janeiro quente, traz o Diabo no ventre;

- Janeiro quer-se geadeiro;

- Janeiro tem uma hora por inteiro;

- Janeiro, cada sulco seu regueiro.


(Gaivota da Beira Tejo)

8 de Janeiro de 2008 13:06

 

Seemed like the thing to do (the bridges of Madison county)

Quando a distância é o longe

ÉCLOGA


Sonhei contigo embora nenhum sonho

possa ter habitantes, tu a quem chamo

amor, cada ano pudesse trazer

um pouco mais de convicção a

esta palavra. É verdade o sonho

poderá ter feito com que, nesta

rarefacção de ambos, a tua presença se

impusesse - como se cada gesto

do poema te restituísse um corpo

que sinto ao dizer o teu nome,

confundindo os teus

lábios com o rebordo desta chávena

de café já frio. Então, bebo-o

de um trago o mesmo se pode fazer

ao amor, quando entre mim e ti

se instalou todo este espaço -terra, água, nuvens, rios e

o lago obscuro do tempo

que o inverno rouba à transparência

das fontes. É isto, porém, que

faz com que a solidão não seja mais

do que um lugar comum saber

que existes, aí, e estar contigo

mesmo que só o silêncio me

responda quando, uma vez mais

te chamo.


NUNO JÚDICE

domingo, 6 de janeiro de 2008

DIA DE REIS


Os Reis

Esta tradição pode dizer-se que tem a sua origem na era cristã, já que esta religião celebra a visita dos Reis Magos ao Menino Jesus. No entanto, embora haja muitas canções de cariz religioso, o cantar dos Reis de porta em porta é mais do nível profano.
Se repararmos nas diferentes versões do cantar dos Reis, encontraremos, quase sempre referência à «porta». É caso para concordar com o Padre Manuel Juvenal Pita Ferreira que diz que os Reis são as Janeiras, cantadas em várias terras do Continente, que, em algumas versões também se referem aos «portais». Ora Janus, na mitologia romana, era o deus das portas, das entradas e das saídas; também em algumas canções das Janeiras vamos encontrar alusão aos frutos secos – figos e castanhas. O que nos faz relacionar com as ofertas de frutos secos também em honra do deus Janus. E nós ainda conservamos a tradição de comer doze passas à meia-noite de 31 de Dezembro. Outra provavel ligação com as festas a Janus parece estar no facto de empregarmos frutos secos no nosso bolo de mel e no bolo-rei.

Através da leitura de algumas variantes das canções dos Reis e das Janeiras, verificamos algumas semelhanças, mas também diferenças.


VAMOS CANTAR OS REIS

1
Eu venho cantar os Reis,
Pela folhinha da vinha
Senhor(a), abra-me a porta
Que eu quero ver a lapinha

Refrão
E vós bem sabíeis
E vós bem sabeis
Que no dia de hojeí
Se cantava os Reisí bis

2
Eu venho cantar os Reis,
Não é por vinho nem pão
Eu venho a esta casa
Cumprir uma obrigação

Refrão

3
Eu venho cantar os Reis,
Pela folha da aboboreira
Senhor(a) abra-me a porta
Que estou nos pingos da beira

Refrão

4
Eu venho cantar os Reis,
Pela folhinha do feno
Senhor(a) abra-me a porta
Que estou na rua ao sereno

Refrão

5
Pelo buraco da chave,
Vejo surgir uma luz
Senhor(a) abra-me a porta
Pelas chagas de Jesus

Refrão
6
Eu venho cantar os Reis
Pela folhinha da giesta
Graças a Deus para sempre
Que já vejo a porta aberta

Refrão

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Maria Bethânia - Ultimatum

Uma dupla única: Bethânia e Álvaro de Campos

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Fernão Capelo Gaivota

Para um primeiro dia do Ano, uma interessante versão da nossa história