segunda-feira, 19 de novembro de 2007

É pelo teu rosto em que as marés passam

 É pelo teu rosto em que as marés passam,
pelos teus lábios em que voam gaivotas,
pelos teus dedos em que a luz perpassa,
pelos teus olhos que me traçam as rotas,

que este barco encontra o caminho,
que este dia descobre que não é tarde,
que as palavras se bebem como vinho,
e o fogo não queima quando arde.

É no que me dizes quando a noite fala,
no que perdura da manhã que se esquece,
no que é dito em tudo o que se cala,
e não precisa de ser dito quando amanhece.

Pode ser o amor tantas vezes sentido,
ou só aquilo que vive no coração,
pode ser o que pensava ter esquecido,
e regressa agora pela tua mão.

Quantas vezes já foi primavera,
e logo aí as flores morreram:
até ao dia em que nada ficou como era,
e todas as folhas mortas reverdeceram.

Nuno Júdice

 

 

1 Comentários:

Às 21 de novembro de 2007 às 11:25 , Anonymous Anónimo disse...

Que bonito este poema... muito apropriado para a música de Grieg!
Continua a ser muito compensador passar por este blogue.
Obrigada
gaivota do sul

 

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